A ortografia – escrita correta – começou no século V a.C. quando Atenas impôs como Grego oficial um dos dialetos, o jônico . Cada cidade-Estado tinha o seu. Dali por diante, as obras de Homero e de Heródoto tornaram-se as referências solares para se escrever corretamente, isto é, como aqueles autores tinham escrito determinada palavra.
Já em Roma, a ortografia data do século I a.C., quando foi imposto como padrão o Latim falado na capital do império. “Cícero” era pronunciado “Kíkero” em muitas localidades. Mas passou a valer a pronúncia de Roma, “Cícero “. É por isso que Kaiser, no Alemão, e Tzar e Czar, no Russo, equivalem ao título do cargo político máximo, o de César, que no Latim entretanto era nome de pessoa. No Alemão e no Russo, não!
O Português passou a ter ortografia no século XVI. Era falado desde o século IX e escrito desde o século XII. Ficamos quatro séculos sem ortografia! Entre 1990 e 2009, o Brasil liderou um novo Acordo Ortográfico, alterando o de 1943, que estava funcionando às mil maravilhas. Foi um grande negócio editorial, mas trouxe de volta antigas confusões e problemas que já tinham sido resolvidos pela tradição, pela fonética e pela etimologia. É por isso que os nossos irmãos mais velhos, os portugueses, estão revoltados. Eles têm boas razões para discordar.